25 de março de 2010

para quê ter voz, se me basta ouvir?


No meu escudo, na minha bolha, no meu manto celestial, ninguém toca.
Conheço muitas pessoas, finjo um sorriso e, com algum esforço, decido acenar-lhes. Porém, são poucos os que me conhecem realmente. E ainda bem.
Se tu, leitor(a), também és daquelas pessoas que pensam que ao revelar algo da sua vida estão a retirar alguma coisa delas próprias, então senta-te ao meu lado e partilha este doce silêncio comigo.
O meu maior dom é não me saber expressar através da voz: mastigo algumas sílabas, engulo outras e qualquer coerência num discurso espontâneo feito pela minha pessoa é puro absurdo. E, mesmo assim, já falo demasiado.
Aliás, se um dos pecados mortais fosse confessar coisas que não deveriam ser ditas, não sei quantas vezes é que eu já teria sido atropelada, estrangulada, fuzilada, enforcada…
Criar amigos novos é um grande perigo porque tendemos a cair na tentação de querer contar tudo o que já contámos aos antigos. Talvez seja essa a principal razão da minha grande dificuldade em estabelecer novas relações – sou sempre da opinião de que já existiram demasiadas.
Podem-me conhecer os tiques, o sotaque, o modo de agir perante determinada situação e o meu temperamento pela manhã. Mas o meu íntimo, o que se passa dentro de mim, tem acesso restrito.

2 comentários:

  1. ola
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  2. amigos ou conhecidos fixes, não vejo como possam ser de mais. colas, cravas, infiltrados e outros chatos, bem, aí a história é outra. quem tem um coisito destes de escrever está sempre a dar-se voluntariamente aos outros... mas não tem mal, pois não?

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