31 de dezembro de 2009

Amo-te.

E, não sei como, cada vez mais e mais. Amo-te por cozinhares para mim, por me dares miminhos até mais não, por seres o melhor dos amigos, por me amares tanto *.* ... Às tantas, já nem imagino a minha vida sem ti.


[A propósito de fazer hoje dois anos que nos conhecemos. Já agora, feliz 2010 a todos.]

25 de dezembro de 2009

Vamos brincar ao amor?

Há coisas, aparentemente muito simples, que por mais que tente, nunca consigo compreender.
Uma dessas questões relaciona-se com esse conceito de se ser difícil. Pois ser demasiado oferecido nunca ficou bem a ninguém, todavia, andar ali a dizer que não se quer quando se está mortinho para lhe saltar nos braços, é perda de tempo. E depois admiram-se que o outro dê meia volta e parta para outra.
Outra dessas interrogações é «Que é isso de lutar por alguém?». Se tivermos a certeza que essa pessoa também gosta de nós mas que por algum motivo tem receio de dar o braço a torcer, talvez até entenda. Porém, o que eu vejo é pessoas que levam tampa após tampa do mesmo sujeito e continuam dizendo que vão lutar por ele! Ou então outros indivíduos que já terminaram a sua relação há quiliões de meses, mas que insistem em lutar por uma pessoa que não vale a pena. Mais do que lutar por alguém, é atentar com o pouco amor-próprio que ainda deveria existir.
Sem dúvida que me falta jeito e paciência para estes jogos de paixão… Ou então já encontrei amor verdadeiro sem necessitar dessas fantochadas.

22 de dezembro de 2009

Purificação


Nesta rua, é inaudível qualquer vestígio de existência humana. Um pequeno número de folhas secas vagueia pela descida de asfalto, e mais nada se parece mover.

Quebrou este inquebrável silêncio uma aragem desconcertante, gradualmente mais intensa. Beija-me o cabelo e faz dançar a penugem das árvores, transportando de seguida uma sensação de solidão de maiores proporções.

Liberto então o meu olhar neste vazio, nas esperanças corroídas e oxidadas pelo tempo que não se quer fazer esperar. Inesperadamente, sem autorização ou aviso, sinto uma gota de água sobre a minha face, e não sei se é uma lágrima ou a chuva miúda que surge neste momento, acidificando e desgastando o solo.

Sem dó nem piedade, a precipitação fura os telhados repletos de sujidade, fura o banco de jardim esquecido, fura a beata do primeiro cigarro abandonado ao acaso. Cai assim, tão cruelmente, tal como as minhas lágrimas se deitam nos lábios ressequidos em direcção ao âmago do meu ser. Fura e fere, ou não fosse a dor o primeiro sinal da cura.

Depois, escorre. Desliza pelas goteiras, levando as impurezas consigo; navega pela estrada abaixo; flui como gota de orvalho que desfaz a frágil e intocada virgindade matinal. Varre-nos os pecados do espírito, desentope-nos as artérias, essas lágrimas malditas!

Por fim, evapora. É absorvida pela terra e purifica-a, dando vida por onde quer que passe. Também o meu choro me purificou, permitindo a germinação de novos sentimentos.

É pois a água que tudo cura e salva, tanto os males da matéria comos os males da alma…

21 de dezembro de 2009

Salada Russa

O meu cérebro pregou-me daquelas partidas onde é possível interrogar tudo. Um frenesi de ideias flutuam em cada neurónio meu.
Sabem que mais?, o meu cérebro hoje está uma salada russa! Cozido como um ovo, mas fresco como uma alface e, tal como o atum absorve o óleo, também ele absorve cada pensamento à sua volta!




(histeria intelectual também proveniente de algumas horas sem tocar em substâncias comestíveis)

18 de dezembro de 2009

Nostalgia - Capítulo IV

Dormir é bom...



Mas dormir em grupo é ainda melhor.
[07 de Dezembro de 2007]

16 de dezembro de 2009

Duelo de silêncios.

Admito que saí vencida nesta morosa batalha. No entanto, ninguém venceu esta guerra. Tanto eu como tu saímos a perder…

14 de dezembro de 2009

A vizinha do lado

Raro era o dia em que os meus olhos não repousavam na minha vizinha. O seu corpanzil inerte, tricotando incessantemente reminiscências no alpendre da sua habitação, era visível através da janela do meu quarto.

De cabelo grisalho e desgrenhado, olhos graves e miúdos, um ritual insistente dos seus cotovelos afilados incidia no frenético gesticular dos braços moles com direcção ao vazio. As mãos grossas e ásperas coçavam o rosto cujas rugas transmitiam uma sensação de pura apatia.

E era com um deleite inquieto que escutava secretamente as suas vagarosas e ruidosas falas: lamentações, utopias e conselhos de uma vida dura para outras existências anónimas.

Fora sempre ela o exemplo do que eu não queria viver nem ser: o corpo do marido dilacerado no Ultramar, o duro trabalho no campo, a rejeição voluntária do único descendente que se recordava dela, um rol de ódios e amarguras pendentes em cada prega do estômago preenchido de fel.

Não mais avistei a minha vizinha, a quem decidiram trocar a cadeira balouçante pelo leito frio do hospital. Insistem na luta por uma vida que ela afirma a pés juntos não desejar. Menos inóspito seria certamente definhar confortavelmente no regalo do ar campestre. Mas não, o prolongamento inútil daquele sofrimento dá-se num local estranho, onde nem mil pessoas podem disfarçar a solidão que a minha vizinha sente. Essa amarga solidão… que eu tanto receio.

12 de dezembro de 2009

Ice Queen is dead.


Hoje senti calor. Não, não é dessas elevações da temperatura ambiente.
Há muito que me chuparam o sangue e congelaram os pulmões. Tornei-me tão insensível nos últimos tempos, indiferente a qualquer sofrimento que não o meu, enfim, refugiei-me no egoísmo da racionalidade tomada pelo ódio! Todo o sorriso era hipócrita quando o coração não sentia. Os abraços ternurentos destinavam-se apenas à auto-preservação.
E, mesmo sem ponta de vida em mim, consegui magoar-me na mesma. Entre devaneios e outras filáucias, uma leve mancha de ilusão, sonho e pseudo-atracção, levou-me forçosamente a tomar consciência que tal não se poderia prolongar nem mais um só momento.
No presente dia, o degelo teve início. Um abraço semelhante a qualquer outro despertou em mim um (re)nascer. As células voltaram a trabalhar e ganhei cor nas bochechas anterior e simultaneamente pálidas e arroxeadas do frio.
Uma mescla de sentimentos virou do avesso a minha manhã: ciúme, amor, compaixão.
«Estou viva!», gritei para mim mesma.

Mesmo que a inércia me devore a flexibilidade dos membros, que o atrofio dos músculos abraçados a si mesmos na solidão de uma noite tenebrosa permaneçam imóveis, hoje o coração sente. Hoje, eu sinto.

7 de dezembro de 2009

Questão de orgulho.




O que tenho hoje a dizer dói, dói demasiado para que tente sequer transmiti-lo de outra forma que não na angústia dos meus pensamentos.

Contam-se às centenas os dias que passaram desde que ouvi a tua voz pela última vez. Ou que te vi sorrir para mim. Ou que ouvi um “gosto de ti” oriundo dos teus lábios.

Parece incrível como num dia afirmas que eu sou umas das tuas mais preciosas amizades, e no dia seguinte pedes-me silêncio, um silêncio que me comprometi a manter e que, como tal, espero que nunca leias este texto; caso contrário, bem podes afirmar que fui contra a minha própria palavra.

Nunca te usei. Não sei quantas vezes será necessário repetir isto até que entendas. O facto de me ter servido do provérbio «Os amigos servem para as ocasiões», de ter pedido a tua ajuda, não invalida o facto de te amar muito. Se entendes que pedir a tua ajuda para algo que me poderia vir a fazer bastante feliz é usar-te, vale a pena contestar?

Contudo, não afirmo que tenhas sido a única responsável pelas palavras surdas com te diriges a mim todos os dias. Claro que errei!, fui egocêntrica ao ponto de me esquecer que também poderias, tal como eu, sentir-te menos bem. Pedi-te e volto a pedir-te perdão por isso. Mais do que isso, não posso (nem quero) fazer.

Não irei rastejar pelo reatar de quinze anos de história entre nós. A decisão foi inteiramente tua, portanto continua com o teu orgulho que julgas proteger-te de tudo o que te possa magoar. Um conselho de quem se preocupa contigo: às vezes é preciso ficar vulnerável para ser feliz, é necessário correr riscos.

Já cedi que chegue. Ficas aqui a saber como sinto a tua falta, assim como eu sinto que também o sentes.

6 de dezembro de 2009

Meu refúgio


«(...) Isto é para sempre. Tu amas-me, eu amo-te, e isso nunca mudará (e se antes tinha algumas reservas em relação a esta afirmação, guarneço-me agora de certezas).»

1 de dezembro de 2009

Sobre o casamento entre homossexuais

Este tema, também apelidado de casamento civil entre pessoas do mesmo sexo (que afinal de contas o termo “homossexual” pode ferir a susceptibilidade dos mais sensíveis), inunda os meios de comunicação todo o santo dia, e com toda a razão, pois o assunto é deveras pertinente.

Antes de mais, encontramos na nossa lei uma verdadeira

I-N-C-O-N-S-T-I-T-U-C-I-O-N-A-L-I-D-A-D-E!. Recordemos pois dois artigos da Constituição da República Portuguesa:


Artigo 13º

2 - Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

Artigo 36º

1. Todos têm o direito de constituir família e de contrair casamento em condições de plena igualdade.


Ora, se todos os portugueses têm o direito de contrair casamento em condições de plena igualdade, e se ninguém pode ser discriminado em função da sua orientação sexual, existe algo que não faz muito sentido e que é urgente modificar.

Em segundo lugar, todos sabemos que o casamento possui um regime jurídico muito específico que difere da união de facto. Nesta última não há efeitos sucessórios, não estão expressamente previstos deveres de assistência, não há um regime de divórcio que assegure a posição de cada elemento do casal e não há possibilidade de regime de comunhão de bens. Digam-me agora que uma pessoa leva a vida a construir uma futuro com a pessoa que ama, e depois, quando o outro vai desta para melhor, não tem direito a nada, simplesmente por ser homossexual!

Algo que também me abala e me faz apetecer trepar paredes são as justificações que algumas pessoas dão para não assumirem que são preconceituosas: o casamento é entre um homem e uma mulher e só assim faz sentido, o casamento é uma união cujo objectivo é assegurar a continuação da espécie, há assuntos no país que merecem prioridade face a estas questões “secundárias”…

Quanto ao primeiro argumento: o amor não tem género. O casamento não é mais do que um contrato que pretende celebrar o amor entre duas pessoas. Independentemente de se realizar entre um homem e uma mulher, duas mulheres ou dois homens, estão ali duas pessoas que têm os mesmos direitos que todas as outras. Não há argumento que possa justificar o prolongamento de uma situação tão evidente de discriminação.

Quanto ao segundo, e baseando-me na minha primeira refutação, o amor é um fim em si mesmo. Se nos fôssemos basear nessa absurda ideia, teríamos de proibir o casamento entre casais heterossexuais que, simplesmente, não pretendem ter filhos.

Em relação ao último, como é que é possível vivermos numa nação em que o dinheiro é superior ao bem-estar das pessoas? Ah, esqueci-me, vivemos em Portugal…

Em suma, se cada um se metesse na sua vidinha e não colocasse entraves à felicidade dos outros, já que isso não os vai afectar directamente, estaríamos muito melhor. Portanto, o duque de Bragança que vá mas é gozar o seu título bem longe e aprovem-me duma vez por todas esta LEI!

Carta ao Pai Natal

Querido Pai Natal,

Chegou finalmente a altura de levantares esse rabo gordo da poltrona e trabalhares um bocadinho (é óbvio que recebes o rendimento mínimo, caso contrário não serias tão mandrião!).
Não me poderia ter comportado de melhor forma durante este ano cujo final se avizinha; já tu estás a merecer umas belas palmadas. Achas bem patrocinares como ofertas natalícias valores unicamente materiais, seu consumista de meia tigela? E mesmo assim és um incompetente, pois ofereces às criancinhas brinquedos bélicos e que incitam à violência! Não poderás tu embrulhar duas doses de ternura para um pai desnaturado, ou três caixinhas de alegria para uma criança com cancro?!
Por favor, não fiques a pensar que o meu objectivo é dar-te um grande raspanete, bem pelo contrário, desejo que sejas muito bem sucedido! Aliás, estou a contar com isso para que os meus pedidos desta época festiva se tornem realidade.
Em primeiro lugar, tens de fazer com a que a minha professora de Filosofia ganhe o Euromilhões e crie um hotel para gatos. Pode ser qualquer outra coisa, desde que a faça desistir de dar aulas!
Em segundo lugar, já que tu és o PAI-Natal, bem que podias dialogar com a MÃE-Natureza, só assim a ver se não está previsto nenhum sismozinho cuja magnitude desvie as placas tectónicas de modo a que o sítio onde resido fique muito mais próximo de Corroios…
E claro, como não poderia deixar de ser, um parzinho de meias e outro de cuecas, que a minha roupa interior ameaça a completa ruína!



Despeço-me com um grande sorriso de compaixão,
Yirien








Texto criado para a "Fábrica de Letras" [clique no link da barra lateral direita]

Quem me dera que as palavras fossem fáceis...

A minha felicidade não passa por ti. Nem sequer lá perto.

Eu forço, eu insisto em passar pela tua auto-estrada como um atalho para aquilo que procuro. Bem, não me vais levar a lado nenhum.

Assim que eu me consciencializar que nem sempre o caminho mais rápido é o melhor, quando eu entender que me enganei e que estou perdida, voltarei para trás. Por enquanto, vou-me iludindo neste desvio, aproveitando minuciosamente cada minuto que tens disponível para mim.

As consequências que venham depois. Não temo mais o sofrimento, ou a desilusão. Deixa-me viver cegamente como não vivo há muito tempo. Os pés que flutuem, já estão entediados de permanecer enterrados no solo.

Quando o confronto chegar, eu resistirei. Sem arrependimentos. Lidarás com as difíceis palavras que te direi, e eu suportarei com um sorriso no rosto o teu monólogo de consolação.

Que o sonho permaneça por mais uns dias…