28 de março de 2010

Não é de melão nem de manteiga.

Os lábios até que podem permanecer hidratados (acaba sempre por existir alguém que o faça!), mas o coração secou. Ficou enrugado, diminuído, incolor, esmigalhado!

Se o sentir palpitar, é por medos e terrores, que por amor nunca mais bateu. Há nele simpatia, compaixão, muita estima e compreensão. Amor, não.

Resolveu pois encolher-se, minguar, esconder-se por detrás da razão! Enviuvou e continua a vestir escarlate, tal é a falta de bom-senso! Responde com maus modos e é intolerante face a novos pretendentes para seus donos. Não dialoga comigo, está um rebelde e tudo lhe é indiferente…

Oh coração, deixa de ser pedra! Experimenta voltar a amar, se é que ainda te lembras do que isso é…

26 de março de 2010

Se a minha vida terminasse hoje às 23h59...

… eu ligava-te a perguntar, agora que já mostraste a toda a gente que sabes viver sem mim, se és mais feliz assim.

25 de março de 2010

para quê ter voz, se me basta ouvir?


No meu escudo, na minha bolha, no meu manto celestial, ninguém toca.
Conheço muitas pessoas, finjo um sorriso e, com algum esforço, decido acenar-lhes. Porém, são poucos os que me conhecem realmente. E ainda bem.
Se tu, leitor(a), também és daquelas pessoas que pensam que ao revelar algo da sua vida estão a retirar alguma coisa delas próprias, então senta-te ao meu lado e partilha este doce silêncio comigo.
O meu maior dom é não me saber expressar através da voz: mastigo algumas sílabas, engulo outras e qualquer coerência num discurso espontâneo feito pela minha pessoa é puro absurdo. E, mesmo assim, já falo demasiado.
Aliás, se um dos pecados mortais fosse confessar coisas que não deveriam ser ditas, não sei quantas vezes é que eu já teria sido atropelada, estrangulada, fuzilada, enforcada…
Criar amigos novos é um grande perigo porque tendemos a cair na tentação de querer contar tudo o que já contámos aos antigos. Talvez seja essa a principal razão da minha grande dificuldade em estabelecer novas relações – sou sempre da opinião de que já existiram demasiadas.
Podem-me conhecer os tiques, o sotaque, o modo de agir perante determinada situação e o meu temperamento pela manhã. Mas o meu íntimo, o que se passa dentro de mim, tem acesso restrito.

21 de março de 2010

Ao menos nisso eu sou generosa.

Se tens o coração tão grande como cantam os poemas, como é que podes ser egoísta ao ponto de o partilhares com uma só pessoa?

20 de março de 2010

e ainda falta o café que me prometeste.

«O que mais eu queria, na noite passada, era ver-te. Só precisava de um sorriso teu, ou então um pequeno beijo, se não estivesse a abusar da generosidade. Vesti-me a pensar em ti, penteei-me a pensar em ti, estive toda a viagem a pensar em ti.


E, no entanto, não te procurei. Sabia que desta vez não te iria demonstrar o meu sorriso frágil e algumas lágrimas tímidas no canto do olho. Ontem era uma rapariga forte e feliz, e não é disso que gostas em mim. Quis ver-te, beijar-te, tocar-te, envolver o meu corpo no teu. E, simultaneamente, não queria nada disso, pois seria transformar-me na rapariga débil e carente que tanto aprecias.

Mais importante do que o teu olá, iria ser a despedida (sim, aquela a que nunca tive direito).»

17 de março de 2010

mas sem pénis, se não for pedir muito.



Quanto mais conheço as raparigas,
mais acho que deveria ter nascido rapaz.



13 de março de 2010

Bilhete arremessado para um beco qualquer


Amor,


És perfeito. És perfeito e, banalizando mais uma vez a palavra, AMO-TE cada vez mais.

Se mo fosse permitido, arranjaria uma poltrona bem confortável e passaria o resto dos meus dias a contemplar-te. Contemplar tudo o que fazes, tudo o que dizes, todos os teus gestos e todas as tuas expressões, porque tudo isso é digno do meu amor.

E é tão bom ver-te crescer, observar como te estás a tornar num homem! Todos os teus pontos de vista, gostos e opiniões se metamorfoseiam a uma velocidade estonteante e são maravilhosos de se sentir.

Sim, ainda tens muito que aprender, e eu ainda necessito de aprender a viver. Porém, tu vais caminhar para a ascensão, e eu para o abismo. Tu vais crescer, e eu irei diminuir.

E ainda te amo mais por isso. Aliás, qualquer motivo é pretexto para te amar. Já não me conheço sem te amar. Não há como não te amar.

NFMS♥



12 de março de 2010

já dizia a minha avó que quem espera sempre alcança.


Quando terá sido a última vez que subi a uma árvore? Ou que arranquei um flor e fiz dela adorno do meu cabelo? Não interessa quando foi, importa apenas que hoje fiz de novo tudo isso.

O céu afoga-me com o seu azul pastel e afundo-me com facilidade no verde dos campos. Começam a desabrochar as primeiras papoilas escarlates. O livro está poisado numa cadeira abandonada. O sol ilumina-me o rosto e algumas nuvens brancas foram pinceladas ao acaso. Caramba, como é tudo tão belo!

Não me sentia assim tão viva há anos. As mágoas que fiquem no Inverno, Primavera é tempo de viver.

11 de março de 2010

já quase não me lembro do teu nome.


Já foi há quantos anos?... Dois, três?

Foi isso, três anos, e três anos passados, ainda os joelhos me tremem ao ver-te. Após três anos, ainda desejo sentir a proximidade do teu corpo e o calor dos teus beijos. Ainda quero o início a que nunca tivemos direito.

Eu era pequena, frágil, pura… um pálido anjo do qual poderias ter usufruído a teu bel-prazer. Nós os dois naquela tarde ensolarada, deitados sobre os últimos dias de Primavera, olhando absolutamente coisa nenhuma. Julguei nessa altura estar a viver o melhor momento da minha vida!, e os meus gritos mudos de felicidade eram silenciados pelo teu toque ingénuo.

Poderias ter feito de mim o que quisesses. Mas não, pegaste esta tenra criança ao colo e pousaste-a num leito de inocência. Tudo aquilo que eu mais desejava era ter-te entre os meus braços, contudo, tu resististe e preferiste que eu imaginasse um conto de fadas.

Os dezasseis anos deveriam ter-me concedido um pouco de sensatez, e deveria estar agora a agradecer-te pela tua atitude… Não estou. É como te digo, magoaste-me pouco. Deixaste-me com essa permanente sensação de insatisfação.

Da próxima vez, quero-te mais perto. Quero voltar a puxar a tua blusa contra mim e voltar a incarnar esse papel de ninfa, indefesa nas tuas mãos. Quero o nosso início.





ps: a imagem relaciona-se unicamente com o texto por os factos descritos terem ocorrido na mesma altura que esta antiga fotografia.

2 de março de 2010

Summer, I miss you


Vejam lá que eu, logo eu, que nem por isso sou fã do Verão, até estou com saudades dele!

Desdobrando as indignações, a verdade é que o Inverno é matreiro e dele já não consigo suportar muito mais. Estou sem paciência para tanta precipitação, para tanta ventania, para tanto ranho e lenço assoado.

Já me faz falta o ombro à vista e o pé descalço. Os cabelos modelados pelo salitre e as guerras de cubos de gelo no centro comercial.

As saudades que eu tenho de me sentar com a C. e discutir as próximas fotografias! Da exploração de rochas com a F., onde detalho com precisão o seu processo de erosão (tal e qual como aprendi em Geografia!). Ou então da inércia das manhãs em cima da cama com a S., onde nada se faz para além de palrar. Ou ainda de arrancar confissões ao G. enquanto observamos o pôr-do-sol.

Oh, como eu quero voltar a tomar pequenos-almoços calóricos com a M.! E que o N. me vá buscar à estação com um sorriso felicíssimo nos lábios! E que o R. me dê uma centena de abraços!...

Às tantas, já nem sei se tenho saudades do Verão, ou das pessoas que fazem parte dele…