25 de agosto de 2010

24 de Agosto




Noite perfeita.

20 de agosto de 2010

não há maneira de apagar aquele dia.


Fui parar àquele largo deserto por mero acaso. Caminhara durante longas horas na escuridão amarelada da noite que insistia em não terminar. Talvez eu não andasse à procura do automóvel, do que eu precisava era de me encontrar a mim mesma.

E, de repente, tornou-se tudo bem claro. O largo estava de novo pintalgado de vultos negros que contrastavam com o céu translúcido. Voltei a ver monstruosos ramos de flores a flutuar em torno da igreja e a ouvir incessantes lágrimas a perfurarem a calçada.

Porque é que o pior dia da minha vida tinha de me vir assombrar na minha fase mais feliz? Porquê hoje? Porquê voltar a recordar tudo isto? Não poderei eu guardar apenas os momentos bons?

Agora, nesta noite, está tudo tão calmo... Parece um local esterilizado de reminiscências. Um espaço sem tempo nem memória.

Tu, que estás comigo, tem a bondade de me pegar na mão e tirar-me daqui. Já chega de cá deixar pedaços de mim.

se não sorrires já é uma boa ajuda.

És a minha nova musa. Eu bem que tentei evitá-lo (de todas as raparigas que conheço, tu és a mais proibida), contudo, ainda não aprendi a domar estas temíveis obcessões carnais.
Gostaria de poder descrever aqui a belíssima cor dos teus longos cabelos, a doçura do teu sorriso ou a forma dos teus seios. Não me atrevo a tal. Escrever-te, por si só, já é diminuir-te, e não existe adjectivo capaz de caracterizar toda a beleza que emanas.
É impossível não me recordar do primeiro risinho que deixaste escapar: tão tímido, tão embaraçado, tão delicioso. Já eu, julgo que nem falei. Limitei-me a observar cada gesto teu e estudá-los minuciosamente.
Cada vez que te vejo é uma pequena conquista, e sabes porquê? Porque consigo conter a fome que tenho de ti. Quando te espreito pela porta entreaberta do teu quarto,deitada na cama, baloiçando eternamente as perninhas roliças, sou capaz de me manter imóvel.
É aí que , quando finalmente te apercebes da minha presença, baixas um pouco a cabeça, olhas-me nos olhos, e soltas, ingenuamente, um
- Olá.


Depois dessas três letrinhas, deixo a mente trabalhar e rendo-me às fantasias mais sórdidas. Imagino-me a entrar para esse sítio misterioso onde me provocas tão sensualmente e a trancar a porta (será que tens realmente lá a chave?). Puxo-te com força até os teus lábios chocarem nos meus, agarro-te violentamente no cabelo e provo cada pedaço de ti. Saboreio a geometria irregular e arredondada do teu corpo. Sinto lascivamente o teu interior.
E se, por um lado, receio perder a essa deliciosa inocência que te torna tão irresistível, por outro, quero corromper-te ao ponto de ler no teu rosto apenas expressões de puro prazer.
És imatura, irresponsável e mimada, mas que hei-de eu de fazer? É isso que mais me atrai em ti. Talvez nesse vazio interior eu encontrasse um pequeno espaço para alguns desejos que transbordam em mim. Aqueles pequeninos, sujos, que tentamos esconder a todo o custo... e que revelam o negrume da nossa alma.

19 de agosto de 2010

para quem acredita em Deus, no karma, no destino, no que bem lhe apetecer.



Ainda bem que não apareceste mais cedo na minha vida. És a pessoa certa... porque chegaste no momento certo.
Caso contrário, talvez me tivesses conhecido quando eu estava cega por alguém que, definitivamente, não valia a pena. Ou então ir-me-ias encontrar tão fragilizada e carente que me bastaria usar-te sem me preocupar com o que poderias sentir.
Não interessa que sejas a pessoa maravilhosa que és, eu teria sempre agido de forma cruel para contigo. Jamais te daria o devido valor, pois tinha todas as atenções concentradas em volta do meu umbigo.
Aterraste na minha vida quando toda a esperança estava perdida, quando eu jurava a pés juntos não querer amar mais ninguém, quando me teria conformado com “és uma amiga espectacular, mas...”. Eu não tinha qualquer impressão sobre ti, daí que me tenhas surpreendido tanto.
De nada serve pensar como teria sido conhecer-te num período diferente... O que importa é que conheci.


Com carinho.

Pêlo encravado.


Sem penetrar em exaustivos rodeios, exponho desde já o problema que me tem afectado as entranhas nos últimos meses:


Estou a atravessar uma crise criativa.


Sim, é essa a razão pela qual não tenho escrito nada dos últimos tempos, e também o porquê de me encontrar a fazê-lo agora.

Nas minhas tão intelectuais leituras de Verão, aprendi que um pêlo encravado só o é pois não consegue atravessar a barreira da pele seca e, consequentemente, inflama. Com as minhas palavras, passa-se exactamente a mesma coisa: elas revoltam-me o estômago, perfuram-me as veias, tentam ser expelidas a qualquer custo; contudo, a minha estabilidade emocional não o permite. Consequências? Todo o mau estar físico e psicológico que tenho estado a viver.

A solução, segunda a mesma fonte, passa por uma esfoliação na área de pele afectada... Mas como hei-de eu de destruir este meu muro de protecção e segurança? Do que terei eu de abdicar para me voltar a sentir vulnerável?

Na verdade, eu bem sei a resposta para estas questões, todavia, recuso-me a colocá-las em prática. Há esfoliantes com efeitos secundários muito perigosos e eu não quero sofrer com essas reacções adversas...

Isto que inflame... Em pior estado que as minhas virilhas não há-de ficar.