31 de outubro de 2010

Bypass.

Já é tarde. Deveria acordar-te, pedir-te que te vestisses e sussurrar rapidamente:

- Vá, vai-te!

Não. Olho para a tua boca entreaberta, oiço a tuas inspirações tão profundas, toco-te os olhos cerrados e sou incapaz de te mandar embora. Apetece-me que fiques aqui para sempre. Quero contemplar esse sono tão doce e o teu corpo envolto nos lençóis todos os dias.

Existe tanta vida em ti, tanta energia e força de viver. Respiras como se cada lufada de ar fosse sagrada, como se fosse a última. Deixaste a tua mão caída no meu peito para obteres a confirmação de que ainda estou aqui, que jamais te irei abandonar.

Descansa, não teria forças para o fazer. Não me resta energia para mais nada. O que eu tinha de bom morreu e apenas permaneceu este corpo mole e inerte. Sabes lá a escuridão que tenho de atravessar para que te consiga ver. Não imaginas o esforço que é sorri-te. O quanto custa fingir que está tudo bem.

Pedes-me que não te abandone, e eu cumpro esse teu pedido. Cumpro-o porque não há coragem para te dizer adeus. Se to dissesse, eu já não estaria aqui; nem nesta minha cama, nem em parte nenhuma. É por ti que eu me mantenho aqui. Não consigo ser egoísta ao ponto de te privar da minha companhia para sempre. É graças a ti que ainda não morri.

29 de outubro de 2010

A minha vida precisa de uma nova razão de existir.

28 de outubro de 2010

Ao menos já passaram dois anos e dois meses.

Pela primeira vez desde que cá estou, uma luz especial brilha nesta cidade.

Três anos (três anos!) e não há nada que tenha valido a pena viver. Daqui só guardo memórias ocas (ou más). Não sei como é que se diz que estes são os melhores anos da nossa vida, já fui tão mais feliz no passado... Este sítio é tão lindo e inspirador, contudo, foi na degradação urbana e podridão humana que eu vivi os meus melhores dias.

Sinto em mim a urgência de alterar tudo isto, de preencher as lacunas de tudo aquilo que não vivi e devia ter vivido. Juro que me tenho esforçado para tal, porém, a colaboração não tem sido das melhores. E duvido que alguma vez consiga.

Estes anos hão-de ser os mais vazios de sempre, e nada mais que isso. Oxalá isto termine depressa.

22 de outubro de 2010

Há pessoas que se deviam dedicar ao tricô, já que não têm mais nada para fazer.


O secundário é um festival de intrigas.




(e já começo a ficar um pouco farta disso!)

19 de outubro de 2010

Recado para a minha pessoa.

Aprende com a vida, miúda. Tens dezassete anos e a tua experiência de vida ainda é pouca, porém, a suficiente para alterares alguns pontos da tua forma de viver.

Aqui estão as lições que já devias ter aprendido há muito tempo:

1 - Preocupa-te menos com aquilo que os outros pensam.

Não tens de pedir opinião nem aprovação a absolutamente ninguém pelas coisas que tu fazes e que só te poderão prejudicar a ti mesma. Ninguém tem de gostar dos ténis que tens calçados ou da cor do teu batom. Tu gostas e pronto, não há nada a acrescentar. És como és e não tens de te moldar conforme as pessoas que lidas: claro que certos gestos e atitudes devem ser alterados (faz parte do nosso amadurecimento), mas nunca mudes a tua essência.

2– Importa-te somente com quem se importa contigo.

A tua existência é um longo corredor em que as pessoas vêm e vão. Contudo, existem aquelas cujos pés se mantêm firmes e permanecem contigo. Faz o maior esforço possível para conservá-las – elas merecem.

Há amizades que nunca irão de passar de um bom Verão, de umas quantas saídas à noite ou de longas conversas no mundo virtual. Liberta-as de ti mesma, de nada vale tentar acorrentá-las se só te irão trazer dor e sofrimento. É óbvio que não nos podemos dar bem com a gente, nem precisamos de muitos amigos. Os bons é que são imprescindíveis.

3 - Às vezes é preciso parar um pouquinho para meditar um pouco.

Pensa com quem é que erraste e quem é que te magoou. O passo seguinte é falar com todos esses sujeitos. Pede desculpa a quem causaste qualquer tipo de tristeza. Exige esclarecimentos e justificações a quem te lascou um bocadinho do coração. Não deixes nada por dizer. Resolve a tua vida, afinal de contas, é muito difícil ser-se feliz quando o ódio e o remorso corróiem o peito.

4 – É bom dizer muitas vezes, e sem receio de soar ridícula e pateta

“GOSTO DE TI”.

18 de outubro de 2010

16 de outubro de 2010

Lisboa.


Lisboa nunca foi a minha cidade. Nem sequer a minha preferida. Nela não me sinto confortável nem segura, e tudo me é estranho. Sou uma provinciana e sim, é inegável que existe algum orgulho nesta minha afirmação. Todavia, tenho saudades da capital.

Saudades de passear por Belém.

Saudades de ver tantas pessoas diferentes no Chiado.

Saudades de correr nas escadarias de Alfama.

Saudades de passar pelas ruas apertadas do Bairro Alto.

Saudades de me perder no Metro.

Saudades de me perder.

Saudades de me encontrar.

10 de outubro de 2010

pormenor irrelevante.

De todas as paisagens que gosto de contemplar, há uma que me proporciona um prazer especial: a de uns lençóis brancos.
Não me refiro àqueles todos engomadinhos, acabados de sair das lavandarias; estou a falar daqueles que se encontram revolvidos e amarrotados na cama, iluminados pela suave luz matinal e ainda mornos dos corpos que neles repousaram. Ao observá-los, quase que consigo sentir o beijo de bons dias. Ainda estão suspensas as expirações tranquilas da noite passada, bem como o "até amanhã" sussurrado ao ouvido e tudo aquilo que se antecedeu.
Ali, naqueles lençóis, houve vida. Mesmo que não tenha sido a minha.

9 de outubro de 2010

Hoje vi-te com outro homem.

Hoje vi-te com outro homem.
Homem? Mas que homem? Homem não, semi-homem, protótipo de homem, amostra de homem. Vi-te com ele e o meu coraçãozinho hediondo estremeceu.
Gostaria de ter coragem para te dizer que ele não é pessoa para ti, que mereces muito melhor. Mereces flores perfumadas pelo orvalho ao acordar, ingredientes frescos ao pequeno almoço, beijos cuidadosos ao longo do dia. Necessitas de alguém que penteie com cautela os teus belos cabelos compridos, que passe creme na tua pele suave com todo o carinho, que te satisfaça todos os caprichos e vontades. Eu não sou o melhor para ti.

my muse.

«Esta paixão tem-me arrebatado de tal forma que, quando te olho, só sinto dor.
Dor de te estar a perder.
Dor de nunca te ter tido.»

2 de outubro de 2010

uma espécie de pedido de desculpas.

Contigo, errei de todas as formas possíveis. Desde o dia em que ousei dizer-te olá até a uma tarde qualquer em que me esqueci de te dirigir um adeus.
A sede que tinha de ti era tanta que pequenos pormenores como a minha dignidade foram completamente postos de parte. Ignorei totalmente que, dentro de ti, existia qualquer coisa. E esse qualquer coisa era muito.
Era só o ferver do teu sangue quente que eu desejava. As tuas mãos compridas e delicadas. Os teus cabelos ondulando suavemente nos teus ombros. Os teus seios pequeninos e macios.
Desculpa-me, mas não me perdooes. Quando me vires, sorri, mas jamais voltes a revelar o teu íntimo. Não deixes que te violem a bolha de protecção. Protege-te de pessoas como eu.


em aposentos de vossa excelência.


Nem imaginas o prazer que é descobrir-te.
Cada vez que invado o teu espaço, uma histeria interior apodera-se de mim e encrava-me os membros. É com uma ansiedade de exploradora que descubro o conteúdo de cada gaveta tua. A marca do teu creme hidratante ou os títulos dos livros que tens na cabeceira já são, para mim, verdadeiras conquistas.
Tudo aquilo que conservas entre as tuas quatro paredes brancas provoca-me uma curiosidade tremenda. Quero saber tudo sobre ti: o comprimento do teu corta-unhas, o tipo de filamentos da tua escova de cabelo, a cor da roupa interior suja que costumas deixar caída no chão.
Não vai ser fácil chegar até ti. Aliás, se fosse, eu já não estaria aqui.