30 de maio de 2010

encore.




Lá fora, o sol doura a relva húmida e explodem sorrisos na ingenuidade dos últimos dias de Primavera.
Cá dentro, não me consigo encontrar, vejo tudo a preto e branco. É tudo tão frio e sombrio que é impossível distinguir as silhuetas que por mim desfilam. Só eu conheço o negrume que pinta os meus dias e os fantasmas que me atormentam em agudos esgares…



Desejo retornar ao início da minha adolescência e recuperar o corpo que possuía, a ingenuidade que me caracterizava e as pessoas que de mim faziam parte.
Perdi-as a todas; umas porque as circunstâncias assim o obrigavam, outras decidiram pura e simplesmente voar. Já tu… Retiraram-te de mim.

Já passou mais de um ano e meio, contudo, não sei como ultrapassar isto. Não me consigo livrar da culpa que rodeia as últimas palavras que te dirigi. Jamais esquecerei o momento em que me recitaste Camões num simples banco de jardim. É impossível limpar da minha memória o momento em que te avistei a testa lívida, sabendo que nunca mais a irias voltar a franzir. Não há dia em que não veja a tua mãe nesse luto tão melancólico…
Talvez um dia eu tenha a capacidade de te encarar apenas como uma agridoce reminiscência que mudou a minha vida nesses últimos dias da Primavera de 2007… Hoje não.

Depois de um grande amor...

... vem outro.

29 de maio de 2010

didascália.

Sinto saudades do passado. E das pessoas que fizeram parte dele.

24 de maio de 2010

(profecia)





Da amizade, nasce o amor. Do amor, nasce o ódio. Do ódio, nasce a indiferença. Da indiferença, (re)nasce a amizade. Da amizade… Fica a saudade.

Socialíssima.

Odeio pessoas. Não, o que eu odeio são os aglomerados de pessoas.

A boca saliva mais do que habitual, o rosto faz-se escarlate, os olhos esbugalham-se e apontam para nenhures, sinto algumas tonturas, falta-me o ar e termino numa asfixia total. Quero desaparecer dali, não quero luzes a incidir sobre mim, nem o meu nome a ser pronunciado. Não quero mérito reconhecido nem sorrisos fingidos em meu redor. Estou a sufocar – não olhem para mim! Quero sair daqui!

Eu não pertenço a esse mundo de idolatrias. Quero o silêncio das paredes do meu quarto, a escuridão dos meus pensamentos, a candura das minhas lágrimas. Isso e um bom livro.

2008.

Fogo. Cinzas. É agora e é definitivo.
Desfaz tudo. Retira todas as palavras que me disseste, destrói todos os abraços que me deste. Aniquila todos os sorrisos que me dedicaste, rasga todas as fotografias que tirámos. Apaga todas as vezes em que a tua mão passou pelo meu ombro, desconstrói todos os momentos em que a minha perna passou pela tua.
Passa a faca por todos os risos ecoados, faz delete nas longas conversas na Internet… Desmembra aquela noite em que me ofereceste tudo, fuzila as trocas de olhares durante longos minutos, rebenta com todas as vezes em que ficámos embasbacados sem saber que dizer…
Arranca cada provocação maliciosa, enforca cada discussão inacabada, mas mais importante que tudo isso, MATA cada lágrima que derramei. MATA TUDO. Dá um tiro, com pontaria e olhar de lince, no meu amor por ti,
O amor que me matou por dentro… O amor que ainda vomito diariamente, o amor mendigo, o amor rejeitado, o amor que tentaste silenciar, o amor que nunca me deste oportunidade de entregar… O amor que tu próprio sentes.

21 de maio de 2010

Parabéns Nelson!





E quantos mais anos passam, mais eu te amo.

17 de maio de 2010

Obrigada Cavaco,

(que hoje até tenho orgulho de ser portuguesa).

16 de maio de 2010

Quando, na tépida sobriedade das minhas manhãs, me olho ao espelho, não me reconheço.

O meu corpo, o meu verdadeiro corpo, aquele que corresponde ao espírito que o alimenta, é magro, muito magro, quase cadavérico. As maçãs do rosto são salientes, as olheiras profundas, os olhos semicerrados, os lábios gretados. Apenas alguns feixes de cabelo, de um castanho descolorado, me cobrem o crânio. As mãos, essas, são secas e envelhecidas, e os dedos que as constituem estão deformados com o passar dos anos que supostamente vivi. Não possuo seios nem genitais, não sou homem nem mulher, apenas matéria inerte a que preferem designar de ser humano. Este é o meu verdadeiro eu, envergando somente um trapo esbranquiçado, e que se vai metamorfoseando ao sabor dos meus caprichos e vontades.

É por isso que observo o meu reflexo e em nada lhe sou semelhante: o que está do outro lado é uma personagem que decidi incarnar – uma jovem de longos cabelos castanhos, de formas arredondadas, equilibrada, sorridente, cheia de energia. É bem mais fácil viver deste modo do que através da rapariguinha de franja e roliça que sentia constantemente o seu mundo a colapsar (essa outra minha vertente que antecedeu a actual).

Bem que posso parecer feliz, assim, impregnada nesta matéria… Porém, o meu espírito está constantemente a lacrimejar. Todas as emoções o atravessam e nenhuma o atinge mas, mesmo assim, todas as noites oiço um choro miudinho que me tortura as entranhas e que me ordena para parar de fingir e vestir a minha verdadeira pele. Pisa-me o rosto, cospe-me para os olhos e sussurra-me numa voz rouca e malévola:

- Estás cada vez mais distante de ti mesma…

Ignoro-o frequentemente, reforço algumas características da personagem que estou a construir e moldo-me com maior rigor.

Quero abandonar este corpo, libertar-me, flutuar sem objectivo nem destino… Deixar para trás as pessoas, as pessoas, esses sórdidos seres, e que fobia eu lhes tenho!...



4 de maio de 2010

Eu e tu somos iguais.

É por isso que não funcionamos, e ainda bem.

2 de maio de 2010

Dia da mãe.





Podes não ser a melhor mãe do mundo, mas és a minha.