20 de agosto de 2010

não há maneira de apagar aquele dia.


Fui parar àquele largo deserto por mero acaso. Caminhara durante longas horas na escuridão amarelada da noite que insistia em não terminar. Talvez eu não andasse à procura do automóvel, do que eu precisava era de me encontrar a mim mesma.

E, de repente, tornou-se tudo bem claro. O largo estava de novo pintalgado de vultos negros que contrastavam com o céu translúcido. Voltei a ver monstruosos ramos de flores a flutuar em torno da igreja e a ouvir incessantes lágrimas a perfurarem a calçada.

Porque é que o pior dia da minha vida tinha de me vir assombrar na minha fase mais feliz? Porquê hoje? Porquê voltar a recordar tudo isto? Não poderei eu guardar apenas os momentos bons?

Agora, nesta noite, está tudo tão calmo... Parece um local esterilizado de reminiscências. Um espaço sem tempo nem memória.

Tu, que estás comigo, tem a bondade de me pegar na mão e tirar-me daqui. Já chega de cá deixar pedaços de mim.

3 comentários:

  1. E 'tou a ver que voltaste em força :)
    Eu defendo que quando tudo parece demasiado perfeito é preciso qualquer coisa que nos ponha de novo os pés na terra.
    Gostei deste, é claro :)*

    ResponderExcluir
  2. Que imagens tão bonitas que o texto sugere ;) Gostei.

    Cumps.
    Roberto Simões
    » CINEROAD - A Estrada do Cinema «

    ResponderExcluir