12 de janeiro de 2010

Os limites do tempo.


Um sopro de palavras obstrui os meus pulmões e impede-os de exercer a sua vital função. Sufocada por parágrafos e pontos finais, é assim que me sinto. Tenho tanto mas tanto para dizer e escrever, que o tempo de vida que me resta parece absurdamente curto.
Recordo com um sardónico quase sorriso os tempos em que o tempo era ridiculamente longo. «Já vivi tudo o que tinha a viver, já passei por uma vida inteira!», lamentava-me, e certamente não me importaria rigorosamente nada se a Morte desejasse ceifar mais uma alma vazia. Aquilo já não era viver, já não era sentir, eu simplesmente vegetava (!), sentindo escorrer vagarosamente os dias, tal como uma embalagem de gel de banho tombada cuja tampa alguém se esquecera de fechar.
E agora o tempo é tão pouco, sinto exasperadamente que cada minuto que passo em branco é tempo perdido! Metade da minha juventude passou à minha frente, e eu nem dei por ela! (Como é possível tamanha cegueira?!)
Despertei agora, nasci aos dezasseis anos. Começou, a quatro anos de completar duas décadas de existência, a busca pela jovialidade lacónica! É preciso desfrutar de cada momento que ela proporciona, é necessário aproveitar cada gota de água, cada raio de sol, cada sorriso deslumbrante.
Quero escrever sobre tudo e mais alguma coisa: desde o formato da taça de cereais à existência de Deus. Das maiores trivialidades aos temas mais profundos. Há que documentar tudo, trabalhar arduamente!
Esta noite não vou dormir, porque há muito para fazer. Há que viver. As horas seguem-se, o tempo esgota, e há muito para fazer. Há muito para fazer, repito incessantemente! Uma vida só é demasiado curta, tão mínima que se torna impossível a execução de pelo menos um terço daquilo que pretendo. Há muito para fazer e esta noite não durmo, porque quero escrever sobre tudo (sobre o quê mesmo?).

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