15 de junho de 2010

Androginismo.


Todos afirmam ver um futuro em mim. Dizem-me que sou inteligente e que possuo uma carinha laroca, portanto, facilmente conseguirei ultrapassar quaisquer entraves ao meu sucesso. Imaginam-me uma mulher de carreira, trabalhando para a União Europeia ou dedicando-me à política nacional, caminhando segura sobre uns saltos altos enquanto passo a mão pelos meus longos cabelos castanhos. Terei um ou dois romances por ano (a minha dedicação ao trabalho não me permitirá investir devidamente numa relação), não ganharei mal e a minha vida sexual será bastante satisfatória.

Mas… Porque é que eu hei-de ser assim? E se eu não quiser ser como eles querem que eu seja? E se eu me estiver nas tintas para a minha beleza ou inteligência? Não é essa a vida que quero para mim, ser alguém nunca fez parte das minhas ambições (aliás…. Que ambições?)

O meu futuro não será mais do que o constante declínio, a completa miséria e decadência moral. Sem prestígio, sem amigos e sem amor, apenas lágrimas e lamentos por aquilo que foi o meu passado. É apenas desta forma que eu vejo o amanhã, e sou só eu a pensar assim porque só eu me conheço.

Contudo, ainda é cedo para viver o futuro, pois para que tal acontecesse, tinha que desiludir e magoar os poucos que ainda me amam. Primeiro, há que fugir para bem longe daqui, afastar-me de tudo e de todos, desaparecer aos olhos do mundo inteiro.

Só aí sim, poderei finalmente lavar a minha a alma, libertá-la desta máscara que a envolve, despojar-me de tudo aquilo que me identifica o género. Eu não quero ser mulher, e muito menos homem.

Simplesmente… não quero ser ninguém.

2 comentários:

  1. e como a folha está vazia e quem a escreve és tu, mete lá o que quiseres :)

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  2. Eu sou uma dessas pessoas, que diz para seguires em frente.. porque és muito inteligente, e concerteza que tens todo o talento do mundo para conseguires alcançar um grande sucesso no que seguires.
    ~=)

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