30 de maio de 2010

encore.




Lá fora, o sol doura a relva húmida e explodem sorrisos na ingenuidade dos últimos dias de Primavera.
Cá dentro, não me consigo encontrar, vejo tudo a preto e branco. É tudo tão frio e sombrio que é impossível distinguir as silhuetas que por mim desfilam. Só eu conheço o negrume que pinta os meus dias e os fantasmas que me atormentam em agudos esgares…



Desejo retornar ao início da minha adolescência e recuperar o corpo que possuía, a ingenuidade que me caracterizava e as pessoas que de mim faziam parte.
Perdi-as a todas; umas porque as circunstâncias assim o obrigavam, outras decidiram pura e simplesmente voar. Já tu… Retiraram-te de mim.

Já passou mais de um ano e meio, contudo, não sei como ultrapassar isto. Não me consigo livrar da culpa que rodeia as últimas palavras que te dirigi. Jamais esquecerei o momento em que me recitaste Camões num simples banco de jardim. É impossível limpar da minha memória o momento em que te avistei a testa lívida, sabendo que nunca mais a irias voltar a franzir. Não há dia em que não veja a tua mãe nesse luto tão melancólico…
Talvez um dia eu tenha a capacidade de te encarar apenas como uma agridoce reminiscência que mudou a minha vida nesses últimos dias da Primavera de 2007… Hoje não.

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