3 de novembro de 2009

Estranho desejo que por vezes até nos fere as artérias


O pálido vestido desceu até beijar o soalho de madeira. Os olhos de um e do outro se iluminaram, rubras ambas as faces ficaram.
Permaneceram imóveis, cada um dançando sobre si mesmo: ela torcia o pezinho mordendo o beiço; ele desviava o olhar em sinal de contenção.
Timidamente, avançaram um passo desajeitado em simultâneo: ela cobiçou-lhe o peito trigueiro; ele sentiu sede daqueles bracinhos tenros e rosados.
Puderam então sentir o calor um do outro, de tão próximos que se encontravam: ela sugou-lhe os lábios carnudos, ele sentiu-lhe os seios miúdos.
E num surto de voluptuosidade, as bochechas coradas passaram a assumir expressões de prazer: ela desfere paixão até onde a sua boca alcança, ele aperta-lhe as protuberâncias intensamente.
Que se desprenda então a poesia intrínseca a toda a pulsação humana: que o silêncio se evapore através de expirações hedonistas, que se soltem os aromas da inevitável fusão, que o amor se metamorfoseie em pétalas de todas as cores que o olho humano conhece!
Que se desfrute então deste calor efémero ainda não atingindo pelo arrefecimento posterior à doce e inocente jovialidade…

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