12 de outubro de 2009

Spotlight.

Acendam as luzes da ribalta! Liguem os microfones! Preparem-se as máquinas fotográficas! Que a multidão que grite um só nome…

O teu. Chegaste e é para arrasar. O cabelo ajustado ao milímetro, o casaco do último grito da moda, os ténis que todos invejam. Aos poucos e poucos avanças na passadeira e a multidão, mais eufórica do que nunca, enfurece entre assobios e lágrimas de puro contentamento por te ver. Onde estou eu nisto tudo? Provavelmente nem estou.

Até me poderia encontrar bem à tua frente, porém meu querido, jamais irias notá-lo e sabes porquê? Porque a única coisa digna da tua apreciação é o espelho que nos separa. Estás tão apaixonado por ti mesmo e pelo teu reflexo que os teus olhos nada mais vêem do que o próprio nada. Nesse teu esplendor jovial em que eles te invejam e elas correm loucas para ti, nesse círculo da tua vaidade, não há lugar para mim. Nunca houve.

Prova disso é quando todos te procuram através das linhas telefónicas e afirmas estar comigo, ao que respondem:

- Quem é essa?

Sou eu! Estou aqui! Mas tu nem o sabes. O teu “eu” de outrora sabia. Este não.

Tens tudo o que necessitas, recuso-me a forçar mais a minha permanência na tua vida. Quem sabe um dia, quando desceres do trono. Enquanto a coroa te servir… Eu não estarei aí.

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